A série de 78
Quando se pensa no Homem-Aranha na
telas, logo imaginamos os filmes
recentes, com o herói vivido por
Tobey Magüire. Mas as novas gerações
não chegaram a acompanhar dos anos
1977 a 1979, quando o herói vivia
seu auge nos quadrinhos, e ganhou
uma série para TV com atores reais,
exibida aqui na extinta Rede
Manchete. Dirigida por E.W.Swackhamer,
a série intitulada “O Fabuloso
Homem-Aranha” não foi bem sucedida,
teve apenas 15 episódios, mas mesmo
assim marcou época. Peter Parker era
vivido por Nicholas Hammond, que
possuía um perfil bem diferente do
conhecido. Ele usava terno e
gravata, tinha jeito de ‘tiozão’ e
nem de longe parecia ter aquele ar
inseguro do personagem.
A série não tinha nenhuma fidelidade
com as HQs. Os únicos personagens
conhecidos das HQs além de Peter
Parker eram seu chefe J.J Jammeson e
a Tia May; o uniforme era diferente
(para se ter idéia, ele usava um
enorme cinto com seu rosto na fivela
e possuía apenas um lançador de
teias, bem escandaloso, por sinal);
e os efeitos especiais precários.
Quando escalava paredes, notava-se
claramente os cabos que o prendiam,
ou era usado aquele velho truque da
‘câmera invertida’ enquanto o ator
se rasteja pelo chão como se
estivesse subindo a parede (aquela
mesma técnica usada no seriado dos
anos 60 do Batman). Ele não usava
muitos os poderes para enfrentar os
vilões – que vale lembrar, não havia
nenhum vindo das HQs, sendo a
maioria meros assaltantes e capangas
de última categoria -, lutando mesmo
na base da porrada e completamente
calado (algo inimaginável para quem
conhece o humor irônico do
Homem-Aranha).
O episódio piloto e o episódio final
da série foram exibidos nos cinemas
brasileiros no início da década de
80. Algo estranho até para época
pela bizarrice, mas itens essenciais
para qualquer ser que se denomina fã
legítimo do aracnídeo.
Confira a abertura do seriado
abaixo:
Homem-Aranha japonês
Poucos sabem que o Homem-Aranha já
teve um seriado japonês, mais
precisamente, um tokusatsu, aqueles
seriados de heróis e monstros como
Jaspion, Jiban e Black Kamen Rider.
Por incrível que pareça, o
personagem foi protagonista de uma
das primeiras séries do gênero. No
caso, a Marvel Comics se aliou à
japonesa Toei em 1978 e produziu a
série “Supaidâ-Man” (forma como lá
pronunciavam “Spider-Man”), que teve
mais de quarenta episódios
produzidos.
Creio que nem é preciso dizer que o
seriado não tinha nada a ver com o
personagem conhecido no ocidente.
Inspirado em outros sucessos do
gênero, como Ultraman e National Kid,
“Supaidâ-Man” contava a história de
Yamashiro Takuya (interpretado por
Kousuke Kayama), um jovem que
encontrou o último sobrevivente do
planeta Aranha (!?), e foi
presenteado com um bracelete que
injetava o poderoso Extrato de
Aranha em seu organismo. Com esse
extrato, ele ganha os poderes de
escalar paredes, soltar teias pelo
seu bracelete, e contar com o
sentido de aranha – sim, pelo menos
algo do original foi mantido.
Eis as estripulias da série: ele
tinha uma nave espacial chamada
Marveller, que em momentos de perigo
podia transformar-se no robô gigante
Leopardon! Detalhe: a série foi
inovadora, por ser a primeira onde o
monstro tornava-se gigante após
morrer, algo que virou marca
registrada de quase todos os
seriados do gênero que viriam a
seguir.
Confira a abertura do seriado
abaixo:
OS DESENHOS
O
aracnídeo também teve uma longa
carreira em desenho animado. Veremos
aqui um pouco de cada desenho e suas
evoluções no decorrer dos anos.
Homem-Aranha (1967): O primeiro
desenho do herói, lançado em 1967,
foi criado por Paul Francis Webster,
Bob Harris, Stu Phillips e D.
Kapross, e produzido por Ralph
Bakshi, responsável pela maioria dos
desenhos animados que povoaram as
TVs norte-americanas nas décadas de
70 e 80. Teve um total de 79
episódios e é considerado por muitos
o desenho mais fiel ao personagem.
Foi lançado em 9 de setembro de
1967, e foi produzido até 1970.
Confira a abertura do desenho
abaixo:
Homem-Aranha e Seus Amigos
(1981): Esse desenho iniciado em
1981 trazia reunião do Aranha com os
heróis Homem de Gelo e Estrela de
Fogo. Na verdade, começou com o
aracnídeo sozinho em uma série de 26
episódios produzidas pela Marvel
Productions, e apenas ganhou este
título “Homem-Aranha e Seus Amigos”
na segunda temporada, quando foram
introduzidos os novos personagens.
Na história, Peter conhece na
universidade Bobby Drake e Angelica
Jones, dois adolescentes com
habilidades incomuns. A dupla vai
morar com Peter, seu quarto vira um
verdadeiro quartel general, e o trio
se reúne parta combater o crime.
Confira a abertura do desenho
abaixo:
Homem-Aranha: A Série Animada
(1994): Eis o desenho de maior
sucesso do personagem, durando 4
temporadas, num total de 65
episódios. Dentre os jovens que
cresceram durante os anos 90, é a
imagem mais sólida do Aranha que
possuem. Ficou marcada pela aparição
dos vilões marcantes dos quadrinhos,
como Duende Verde, Dr. Octopus,
Lagarto, além de personagens
secundários como Flash Thompson,
Betty Brant e Gwen Stacy. Várias
fases ficaram marcadas na memória
dos fãs, como a aparição do uniforme
simbionte seguido da criação do
Venom, o casamento de Peter e Mary
Jane, etc.
Confira a abertura do desenho
abaixo:
Homem-Aranha: Ação Sem Limites
(1999): Seguindo a onda de “Batman
do Futuro”, o personagem ganha em
“Homem-Aranha: Ação Sem Limites” uma
versão bem futurista. Em meio à
concorrência com a febre de Pokémon,
o desenho foi um fracasso, recebendo
duras críticas, tendo apenas 13
desenhos realizados e os americanos
só chegara a ver os 3 primeiros. Pra
começo de história, a trama não se
passa no futuro, e sim, num universo
paralelo (?!). Ao tentar salvar John
Jameson, o filho de J.J Jameson, dos
ataques de Carnificina e Venom,
ambos os vilões e o Aranha acabam
caindo na Contra-Terra, um universo
paralelo com uma versão do nosso
planeta. Partes dos personagens
famosos aparecem, mas em sua versões
‘alternativas’ do novo mundo. Era de
se esperar o fracasso.
Confira a abertura do desenho
abaixo:
Homem-Aranha: A Nova Série Animada
(2003): Se o aracnídeo já recebeu
uma modernizada no desenho anterior,
neste, a renovada foi geral, pois
pela primeira vez o Aranha ganha um
desenho em forma de animação 3D. Os
traços dos personagens se
apresentavam diferentes, bem mais
afiados. Dividiu opiniões (muitos
amaram, muitos odiaram), mas durou
apenas uma temporada. Foi uma grande
aposta, tanto que o próprio criador
do personagem, Stan Lee, assinava
como produtor executivo, além de Avi
Arad, manda-chuva da Marvel. Ainda,
o roteirista da aclamada série
“Ultimate” dos gibis do Aranha,
escreveu o roteiro de alguns
episódios. A trama resgatava as
origens do personagem, porém, sob
uma ótica bem mais obscura e voltada
para a geração MTV. Pena que não
vingou.